terça-feira, julho 31, 2012


Não seria difícil desmontar a tese de Passos Coelho em relação à Função Pública, todos os portugueses perceberam que Passos Coelho não sabe fazer uma média e que Paulo Portas faz o que Pires de Lima manda. Mas o mais grave da argumentação desta gente é que perante as dificuldades não hesitam em usar uma campanha de mentiras para atirar portugueses contra portugueses.
  
Todos sabemos que o corte dos subsídios resultou de um “desvio colossal” resultante da má gestão orçamental do anterior governo. Depois percebeu-se que o desvio orçamental encobria o BPN e o Alberto João Jardim e que mesmo assim ficava muito aquém do que se pouparia com o corte dos subsídios. Como se percebe agora o corte dos subsídios serviu apenas para que a esta hora o Vítor Gaspar ainda seja ministro, nada fez para cortar despesas, o Estado não foi reestruturado, o regime das fundações continua a proteger os amigos, os institutos são os mesmos, há um desvio colossal nas receitas fiscais e depois de tudo isto o ministro diz que está tudo bem.
  
É imoral que um primeiro-ministro encubra os mafiosos do BPN ou o bandalho da Madeira só porque são do seu partido e para cobrir os desvios provocados por esta gente corte dois meses de vencimento a funcionários públicos e pensionistas e em vez de ter a coragem de assumir a responsabilidade por esses cortes atribuindo as responsabilidades aos verdadeiros culpados minta e atire portugueses contra portugueses.
  
Um primeiro-ministro que faz isto é um irresponsável, não me admira que combine com o seu ministro da Administração Interna uma visita à PSP para exibir aos portugueses o que acontece aos manifestantes que saiam dos eixos. Lá vai dizendo que há o direito à manifestação mas pelo meio compara a exibição da polícia com as manifestações em que se protesta contra a sua política. Foi a primeira vez que vi num país democrático um primeiro-ministro usar a polícia para uma manifestação de força em que se faz o simulacro de repressão de concidadãos.
  
Estes senhores são os mesmos que se queixavam da asfixia democrática, aliás, o inventor desta tese é um rapaz de quem se diz que gosta muito de aventais e que é hoje líder parlamentar do PSD. Mas não vale a pena bater nessa pobre personagem, Passos Coelho também se opôs ao PECIV por ser austeridade a mais e essa coisa que anda por aí armada em ministro dos negócios estrangeiros apelava a que votassem nele para poder moderar os excessos de Passos Coelho.
  
Estamos lidando com um governo formado por gente que num dia diz que se vai vingar dos agricultores que não tiveram dinheiro para seguros de colheitas e depois anda uma semana a dizerem o contrário. Um governo onde o primeiro-ministro faz uma exibição de força policial para que os portugueses se contenham na sua vontade de se manifestar. Um governo onde o ministro das finanças é incapaz de controlar a despesa, nada sabe de política fiscal e para encobrir a sua incompetência inventa desvios colossais para que governe com seguranças financeiras pornográficas.
  
Entrar no jogo dos argumentos em relação aos funcionários públicos ou do sector privado é ignorar que quem ganha mais neste país são os Antónios Borges que beneficiam de contratos secretos, dos Catrogas que recebem à grande e à francesa e de muitos outros que andam a enriquecer à sombra da austeridade.